PARA QUÊ POESIA?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Aos Nossos Filhos



E quando eles chegarem
e nos cobrarem os feitos,
que diremos?

Que ficamos perdidos
pelos caminhos vazios
das teorias, tantas.

Procurando atalhos,
esperando a hora,
infinita espera, quantas?

E quando eles chegarem
e nos cobrarem os feitos,
que diremos?

Se, tecendo a vida
nas artimanhas dos sonhos,
hoje somos

apenas uns poucos
loucos sonhadores,
(rara consciência!),

se, na espera tola
fracassada de um tempo,
já cansados,

perdemos, a muito,
o espetáculo todo
de nossa breve existência?

Maria Inês/1982

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Menino de Rua




Menino da rua
.
carente de afeto.

Seu teto, este céu,

que as sombras da noite

coloriu de lilás.



Sua cama, a calçada

ou o vão do metrô.

Abrigo esquecido

de um sonho perdido,

há tempos atrás.


Seu futuro, abandono;

tesouro escondido,

um rosto embrutecido

no amanhecer.


Seu olhar; ousadia

que persiste e denuncia

a miséria que insiste

em residir, ainda,

em nosso ser.


Maria Inês/1994