PARA QUÊ POESIA?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Para meu filho


Felicidade

Meu filho


Lembro hoje, com saudades
de você ainda menino
correndo pelos campos,
nas terras em que passamos,
mergulhando em águas-delícias
daquele imenso Lago Azul.

Que tempo bom era aquele,
em que a minha ansiedade
era apenas a espera
entre um mergulho e outro!
Esperando pra ver você
outra vez, me acenando.

Tempo em que a minha alegria
era só a de ver você chegar,
rostinho rosado, suado,
correndo pra me abraçar,
trazendo no olhar a felicidade
de quem apanha a fruta no pé.

Que tempo bom era aquele,
em que eu podia ter você, assim!
O que eu ainda não sabia

é que aquele menino maluquinho
poderia um dia, quem diria?
ser feliz, sem mim.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fios de Luz


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Mais uma vez
a noite cobriu de cinzas
meu abandono.
As lembranças são fios de luz
que passeiam em tua ausência
escrevendo um poema antigo
nas páginas de meu sono.
 
Na solidão de minh'alma vazia,
meu corpo pede o teu.
Agora é preciso reinventar
uma nova forma de existir,
sem tua presença.
 


















segunda-feira, 11 de junho de 2012

Luiza

Luz,

manhã clara.

Quando chegou

iluminou

nossas vidas

com o encanto

do amanhecer,

nas veredas floridas.

Menina e mulher,

por onde passar

e onde estiver,

sua graça será

ser sempre

luz.

Maria Inês/2002

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Concretude

 

Se os moradores da cidade
entendessem a poesia como tal,
então, nas teias dos sonhos
a edificariam,
em concretude real.

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domingo, 10 de junho de 2012

Poema sem Rima


DSC01291
Fiz um poema sem rima, sem encanto.
Deixei num canto, ao pó da estrada virgem.
Em meu protesto cantei a vida.

Mas minha angústia em prosa e verso
colada no anverso do tempo
foi censurada, calada, esquecida.

Então, gritei bem alto aos edifícios.
De meu protesto nasceu a morte
e eu morri, no asfalto da avenida.

Maria Inês Carpi, do livro Varal de Versos Diversos/1994

Postado por Maria Inês às 19:11 0 comentários Links para esta postagem
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sábado, 9 de junho de 2012

Metáfora

 

 

5

 

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Metáfora

 

Muitas vezes sou mulher

Em outras, eu sou menina.

Às vezes sou metáfora

Outras tantas, metonímia.

Raras vezes, prosa e verso.

Outras, quem diria?

De tantos modos diversos

já fui até poesia!

Tantas vezes fui de paz

Outras tantas, só conflito!

Quem dera, fosse silêncio

no desespero de um grito?

Quantas vezes fui presença

Em outras, me fiz ausente.

Mas só mesmo na distância

É que me fiz mais presente

Mas de todos os modos que eu pude

Conjugar o verbo viver

A forma mais que perfeita

Que traduziu meu ser

Foi a graça e a plenitude

Que Deus pode me conceder.

Cotidiano

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Cotidiano

Da janela do apartamento

do décimo terceiro andar

quando a primeira estrela

brilha no entardecer,

eu quase já posso ver

os rastros de luz e cor,

por entre as casas miúdas

de um aglomerado humano,

onde a fumaça acinzentada

do céu da minha cidade

deixou transparecer.

Enquanto o vento agita

as roupas brancas de um varal,

toda esta gente aflita

rotinizada pelo cotidiano

tem sua alegria arrastada

para muito mais além

deste triste cenário urbano.

Pobre gente oprimida

dependente de ninguém!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tons de Lilás

 

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Tons de Lilás

 

 

Se quiser saber de mim

estando só, ao anoitecer,

basta olhar para o céu

da nossa cidade

e irá me compreender.

Quando tudo estiver escuro

e somente estrela puder ver.

Ou caso a lua insistente,

na janela do apartamento

Impedir-lhe de adormecer,

lembra que em algum lugar

eu estarei em prece,

tentando encontrar respostas,

perguntando à Deus

a razão do nosso viver.

E se acaso lembrar de mim

como a criança que eu era

a correr pelos campos,

entre as flores miúdas

de nosso antigo jardim,

saiba que ainda poderá vê-la,

entre os muitos tons de lilás,

no céu do entardecer.

Ela só foi buscar uma estrela

para brincar novamente,

no azul do amanhecer!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Espelhos

 


                                    

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Espelhos partidos,

amores idos,

lembranças do que não foi.

Os estilhaços  ainda,

sob os nossos pés feridos

fazendo lembrar

que  é preciso seguir

apesar da dor.

 

Postado por Maria Inês às 23:12

Paisagem Urbana

Sampa 

 

Existirá um ser ainda humano,
nesta guerra cotidiana,
ainda assim, talvez
por isso mesmo, humana?
No silêncio prolongado,
nas palavras engasgadas,
no repúdio calado
da violência civil,
ou no suicídio lento
dos bastidores esquecidos,
numa guerra diferente
onde só restam vencidos,
e os seres (apenas seres)
estranhados em si mesmos
deixam traços embrutecidos
registrados em cada muro
da paisagem urbana,
onde a razão humana
aos poucos, se perdeu?


Maria Inês/1993

terça-feira, 5 de junho de 2012

Existência











Se a minha existência fora


como a primavera em flor,


eu, por certo, comporia


a mais bela canção de amor






e, assim como os pássaros


que às nuvens do céu enviam


a alegria que desfiam


de seu cantar encantador






eu também enviaria


aos amantes, com ternura,


uma bem alegre poesia.






Mas só o que tenho na alma


é esta minha desventura


e é só o que posso compor.













Nada ser





Ruas e praças


em contínua construção,


na cidade inacabada


em formas de concreto;


estranhado poder.






As flores de plástico


na loja da esquina


inspira e desanima


quem tenta vencer






a pressa e os passos


da multidão a caminhar


em direção alguma.


rumo ao nada ser.