Luz,
manhã clara.
Quando chegou
iluminou
nossas vidas
com o encanto
do amanhecer,
nas veredas floridas.
Menina e mulher,
por onde passar
e onde estiver,
sua graça será
ser sempre
luz.
Maria Inês/2002
Luz,
manhã clara.
Quando chegou
iluminou
nossas vidas
com o encanto
do amanhecer,
nas veredas floridas.
Menina e mulher,
por onde passar
e onde estiver,
sua graça será
ser sempre
luz.
Maria Inês/2002
Se os moradores da cidade
entendessem a poesia como tal,
então, nas teias dos sonhos
a edificariam,
em concretude real.
Metáfora
Muitas vezes sou mulher
Em outras, eu sou menina.
Às vezes sou metáfora
Outras tantas, metonímia.
Raras vezes, prosa e verso.
Outras, quem diria?
De tantos modos diversos
já fui até poesia!
Tantas vezes fui de paz
Outras tantas, só conflito!
Quem dera, fosse silêncio
no desespero de um grito?
Quantas vezes fui presença
Em outras, me fiz ausente.
Mas só mesmo na distância
É que me fiz mais presente
Mas de todos os modos que eu pude
Conjugar o verbo viver
A forma mais que perfeita
Que traduziu meu ser
Foi a graça e a plenitude
Que Deus pode me conceder.
Cotidiano
Da janela do apartamento
do décimo terceiro andar
quando a primeira estrela
brilha no entardecer,
eu quase já posso ver
os rastros de luz e cor,
por entre as casas miúdas
de um aglomerado humano,
onde a fumaça acinzentada
do céu da minha cidade
deixou transparecer.
Enquanto o vento agita
as roupas brancas de um varal,
toda esta gente aflita
rotinizada pelo cotidiano
tem sua alegria arrastada
para muito mais além
deste triste cenário urbano.
Pobre gente oprimida
dependente de ninguém!
Tons de Lilás
Se quiser saber de mim
estando só, ao anoitecer,
basta olhar para o céu
da nossa cidade
e irá me compreender.
Quando tudo estiver escuro
e somente estrela puder ver.
Ou caso a lua insistente,
na janela do apartamento
Impedir-lhe de adormecer,
lembra que em algum lugar
eu estarei em prece,
tentando encontrar respostas,
perguntando à Deus
a razão do nosso viver.
E se acaso lembrar de mim
como a criança que eu era
a correr pelos campos,
entre as flores miúdas
de nosso antigo jardim,
saiba que ainda poderá vê-la,
entre os muitos tons de lilás,
no céu do entardecer.
Ela só foi buscar uma estrela
para brincar novamente,
no azul do amanhecer!
Espelhos partidos,
amores idos,
lembranças do que não foi.
Os estilhaços ainda,
sob os nossos pés feridos
fazendo lembrar
que é preciso seguir
apesar da dor.
Postado por Maria Inês às 23:12
Existirá um ser ainda humano,
nesta guerra cotidiana,
ainda assim, talvez
por isso mesmo, humana?
No silêncio prolongado,
nas palavras engasgadas,
no repúdio calado
da violência civil,
ou no suicídio lento
dos bastidores esquecidos,
numa guerra diferente
onde só restam vencidos,
e os seres (apenas seres)
estranhados em si mesmos
deixam traços embrutecidos
registrados em cada muro
da paisagem urbana,
onde a razão humana
aos poucos, se perdeu?
Maria Inês/1993