PARA QUÊ POESIA?

sábado, 9 de junho de 2012

Cotidiano

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Cotidiano

Da janela do apartamento

do décimo terceiro andar

quando a primeira estrela

brilha no entardecer,

eu quase já posso ver

os rastros de luz e cor,

por entre as casas miúdas

de um aglomerado humano,

onde a fumaça acinzentada

do céu da minha cidade

deixou transparecer.

Enquanto o vento agita

as roupas brancas de um varal,

toda esta gente aflita

rotinizada pelo cotidiano

tem sua alegria arrastada

para muito mais além

deste triste cenário urbano.

Pobre gente oprimida

dependente de ninguém!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tons de Lilás

 

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Tons de Lilás

 

 

Se quiser saber de mim

estando só, ao anoitecer,

basta olhar para o céu

da nossa cidade

e irá me compreender.

Quando tudo estiver escuro

e somente estrela puder ver.

Ou caso a lua insistente,

na janela do apartamento

Impedir-lhe de adormecer,

lembra que em algum lugar

eu estarei em prece,

tentando encontrar respostas,

perguntando à Deus

a razão do nosso viver.

E se acaso lembrar de mim

como a criança que eu era

a correr pelos campos,

entre as flores miúdas

de nosso antigo jardim,

saiba que ainda poderá vê-la,

entre os muitos tons de lilás,

no céu do entardecer.

Ela só foi buscar uma estrela

para brincar novamente,

no azul do amanhecer!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Espelhos

 


                                    

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Espelhos partidos,

amores idos,

lembranças do que não foi.

Os estilhaços  ainda,

sob os nossos pés feridos

fazendo lembrar

que  é preciso seguir

apesar da dor.

 

Postado por Maria Inês às 23:12

Paisagem Urbana

Sampa 

 

Existirá um ser ainda humano,
nesta guerra cotidiana,
ainda assim, talvez
por isso mesmo, humana?
No silêncio prolongado,
nas palavras engasgadas,
no repúdio calado
da violência civil,
ou no suicídio lento
dos bastidores esquecidos,
numa guerra diferente
onde só restam vencidos,
e os seres (apenas seres)
estranhados em si mesmos
deixam traços embrutecidos
registrados em cada muro
da paisagem urbana,
onde a razão humana
aos poucos, se perdeu?


Maria Inês/1993

terça-feira, 5 de junho de 2012

Existência











Se a minha existência fora


como a primavera em flor,


eu, por certo, comporia


a mais bela canção de amor






e, assim como os pássaros


que às nuvens do céu enviam


a alegria que desfiam


de seu cantar encantador






eu também enviaria


aos amantes, com ternura,


uma bem alegre poesia.






Mas só o que tenho na alma


é esta minha desventura


e é só o que posso compor.













Nada ser





Ruas e praças


em contínua construção,


na cidade inacabada


em formas de concreto;


estranhado poder.






As flores de plástico


na loja da esquina


inspira e desanima


quem tenta vencer






a pressa e os passos


da multidão a caminhar


em direção alguma.


rumo ao nada ser.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Anúncios de Neon




Nunca seremos um só!
Por mais que nos abracemos,
por muito que desejamos,
apesar de tudo que fomos,

sabemos hoje
que somossempre seremos dois
solitários seres de nós mesmos
a caminhar sós,
nos lugares em que passamos
e onde deixamos ficar
um pouco de nós.

Vestígios a nos lembrar
das imagens esquecidas
feito formas distorcidas
a exibir nossas feridas,
numa feira de exposições.

Nas vitrines embaçadas
da cidade adormecida,
entre sujas calçadas
e luminosas fachadas
dos anúncios de Neon.

Entre muros (de) marcados
e o asfalto molhado
da Avenida Central.

Como sombras na cidade,
anônima identidade
de um espetáculo inesquecível
do teatro Municipal.